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Fonte de Inspiração: a história de Sandra Lúcia Amorim, presidente da Associação de Surdos da Grande

Atualizado: 22 de nov. de 2021

A Associação de Surdos da Grande Florianópolis (ASGF) foi fundada em 1955 pelo professor Francisco Lima Júnior, nascido em Florianópolis e formado como professor no Instituto Nacional de Educação de Surdos no Rio de Janeiro. Francisco retornou à Florianópolis em 1946 e é  reconhecido pela comunidade surda como um grande influenciador e incentivador.


Foi somente em 1999, com a associação prestes a completar seus 45 anos, que Sandra começou a se envolver nas atividades da presidência da ASGF, depois de muita insistência do professor Francisco. Sandra conta que o professor era amigo do seu pai e que quando a conheceu logo percebeu nela a grande capacidade de liderança. Na ocasião Sandra estava envolvida também na associação de esportes para surdos e conta que estava receosa em aceitar a presidência da ASGF já que entendia a grande importância de assumir essa responsabilidade. No entanto, resolveu aceitar aos poucos os desafios e começou a trabalhar em conjunto com o professor Francisco.


O primeiro grande passo de Sandra, dentro da ASGF, foi a organização do evento de comemoração aos 45 anos da associação. Segundo Sandra, ela mesma ‘arregaçou as mangas’ e providenciou toda a organização do evento em apenas 3 meses. Ela lembra que começou despretensiosa, com poucos recursos e incentivo da comunidade, e nem mesmo ela conseguia prever o grande sucesso que viria.


O evento aconteceu no Instituto Estadual de Educação e contou com a presença de importantes nomes da política de SC e grupos de associações de surdos de todo o Brasil e também da Argentina. Sandra conta que todos ficaram muito surpresos e felizes com o resultado da sua organização e sucesso do evento. Após esse marco, Sandra assumiu em definitivo a presidência da ASGF, lugar que ocupa até hoje.  


Atualmente a associação possui cerca de 800 surdos cadastrados, alguns em situação de vulnerabilidade social e que são auxiliados com atendimento assistencial e psicológico. Além disso a ASGF possui turmas para Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação infantil, cursos de LIBRAS e várias outras atividades relacionadas à educação escolar e social dos surdos.


Os principais motivadores


Segundo dados do censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 9,7 milhões de surdos no Brasil. A maioria destes surdos, vivem sem nenhuma condição de acessibilidade. Sandra relata que se questiona sobre esses dados: onde estão todos esses surdos? Como eles vivem?  Quais suas reais condições e necessidades?


Sandra, que nasceu surda, deixa claro que entende todas as dificuldades passadas pela comunidade e, por isso, o que a motiva é ajudar esses surdos a terem igualdade na sociedade. E, para que isso seja possível é necessário compreender o surdo, seus anseios e reais necessidades.


Atualmente, a ONG não dispõe de profissional Intérprete de Libras e Cristiana Erthal, coordenadora pedagógica da ASGF é quem realizou a tradução e interpretação em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) desta entrevista. De acordo com Cristiana, não basta apenas fazer uma interpretação literal do que está sendo dito, é necessário compreender o mundo surdo e fazer parte desta realidade, para que seja possível se aproximar de uma comunicação real e eficaz.


A presidente lembra também que embora existam leis que preveem acessibilidade para pessoas com deficiências como as de  no 10.048,  no 10.098 ,  nº 10.436 além do decreto nº 5.626, elas não se aplicam adequadamente às necessidades de pessoas surdas, já que é diferente das demais deficiências como as relacionadas à locomoção e transtornos psicológicos, por exemplo. E, fez questão de citar alguns exemplos como atendimentos em hospitais e órgãos públicos, em que se o surdo não tiver um intérprete ou acompanhante que o entenda, o atendimento fica comprometido e muitas vezes até impossível.


Sandra falou ainda sobre uma nova tecnologia, o VPAD, equipamento desenvolvido por surdos e que pode servir como excelente ferramenta para a comunicação com ouvintes. O equipamento, que precisa de conexão com a Internet, dispõe de um serviço de tradução simultânea, com intérpretes atuando para uma comunicação em tempo real. O aparelho faz ainda a conversão de áudio/LIBRAS e permite que a interação seja realizada facilmente.


Por fim, Sandra lembra que pequenas ações podem fazer toda a diferença para a inclusão dos surdos na sociedade e que os ouvintes precisam entender melhor como realizar essa comunicação.

Experiência com a Água Santa Rita


Sandra foi convidada pela direção da Água Santa Rita para fazer uma palestra na fábrica, em Rancho Queimado, onde trabalha um colaborador surdo. Depois desse evento, o colaborador passou a se integrar mais com os colegas, que também passaram a entendê-lo melhor.


A presidente reforça que as empresas precisam manter contato com a ASGF, como forma de auxiliar os colaboradores surdos e contribuir para o seu desenvolvimento no trabalho e na sociedade.  


Quer conhecer melhor o trabalho da Associação de Surdos da Grande Florianópolis? Acesse o site e o facebook da ASGF para saber mais.


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